segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Conteúdos de aprendizagem

A função que a sociedade historicamente tem atribuído a escola é de selecionar os melhores para uma carreira universitária. Essa atribuição tem sido a justificativa para a valorização de determinadas aprendizagens e a desvalorização de outras, dando pouco valor aos processos formativos, principalmente atitudinais, ao longo da etapa escolar.
Ainda hoje o papel atribuído à educação escolar valoriza as capacidades cognitivas que correspondem a aprendizagem numa perspectiva tradicional. No caso da Educação Física escolar essas capacidades cognitivas ficam em segundo plano, uma vez que essa disciplina prioriza aprender as técnicas, o “como fazer”, como veremos mais adiante.
Outra função que a sociedade determina à escola é a de formar o cidadão que constitui e contribui na configuração dessa sociedade. A partir dessa necessidade de formar o cidadão participante, a educação deve ter como objetivo despertar todo o potencial do ser humano, contribuindo na sua formação integral, partindo de uma profunda reflexão da condição de cidadão e as próprias características da sociedade de hoje e de amanhã. Surge aqui uma necessidade de posicionamento ideológico, uma vez que qualquer intervenção pedagógica nunca será neutra, ou seja, durante o ensino serão consideradas determinadas concepções de sociedade e de homem.
Para a formação integral devem-se aprender conteúdos de natureza variada. C. Coll propõe uma classificação para essa diversidade de conteúdos: conteúdos conceituais (o que se deve saber), procedimentais (o que se deve saber fazer) e atitudinais (como se deve ser).
Outra classificação é sugerida por Delors - UNESCO: a educação dever ser sustentada por quatro grandes pilares ou propostas: o aprender a conhecer (adquirir os instrumentos da compreensão), o aprender a fazer (como agir sobre o meio), o aprender a conviver (para participar e cooperar com os outros) e o aprender a ser (via essencial para integrar todos os pilares).
Se compararmos essas classificações como o ensino formal, perceberemos que acima de tudo é preciso aprender a conhecer (saber), em menor escala se necessita aprender a fazer, e que não é necessário aprender a conviver e ser, uma vez que esses conteúdos não são explicitados nos planos de ensino e que vem “à reboque” com as demais aprendizagens. Portanto, parece lógico concluir que para uma formação integral esses conteúdos devam ser contemplados de maneira equilibrada durante a escolarização.

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