segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Paradigma do Desenvolvimento Humano

Até o final da década de 80, o avanço de uma população era medido pela sua dimensão econômica através do PIB (Produto Interno Bruto) per capita, ou seja, todas as riquezas produzidas por essa população (em valores financeiros) dividido pelo número de pessoas dessa população. O que se obtém nessa divisão é um valor médio, supostamente atribuído a uma qualidade de vida individual da população. Por exemplo, o PIB per capita do Brasil em 2003 era de R$ 8.694,00 , o que corresponde à renda individual de cada brasileiro naquele ano.
A partir de 1990 a elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) faz um contraponto ao PIB. Além do PIB per capita, o IDH leva em consideração a longevidade e a educação de uma população. A ampliação do conceito de desenvolvimento humano para além do puramente econômico abrangendo agora as dimensões sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade de vida humana é o que caracteriza essa nova abordagem de medida do desenvolvimento e a que chamamos de Paradigma do Desenvolvimento Humano (PDH).
A transição de um paradigma para outro é, segundo Thomas Kuhn, a reformulação do campo temático de uma área de conhecimento a partir de novos fundamentos. Trata-se de uma reconstrução que muda algumas das generalizações mais básicas e elementares de uma disciplina, assim como muitos dos seus métodos e aplicações. A transformação da teoria de desenvolvimento humano experimentado na década de 90 pode ser considerada como uma mudança de paradigma.
Os fundamentos de desenvolvimento do PIB são bastante conhecidos (produto financeiro do mercado de bens e serviços do país) e os do novo paradigma ainda são relativamente recentes e pouco difundidos. Assim a questão que se coloca é: quais são as crenças, valores e noções básicas que orientam esse novo paradigma?
Segundo o Instituto Ayrton Senna (IAS) o PDH pode ser resumido em 12 princípios:
1. A vida é o mais básico e universal dos valores;
2. Nenhuma vida humana vale mais do que a outra;
3. Toda pessoa nasce com um potencial e tem o direito de desenvolvê-lo;
4. Para desenvolver o seu potencial, as pessoas precisam de oportunidades;
5. O que uma pessoa se torna ao longo da vida deponde de duas coisas: das oportunidades que teve e das escolhas que fez;
6. Além de ter oportunidades, as pessoas precisam ser preparadas para fazer escolhas;
7. Cada geração deve legar para as gerações vindouras um meio ambiente igual ou melhor do que aquele recebido das gerações anteriores;
8. As pessoas, as organizações, as comunidades e as sociedades devem ser dotadas de poder para participar nas decisões que as afetem;
9. A promoção e a defesa dos direitos humanos são o caminho para a construção de uma vida digna para todos;
10. O exercício consciente da cidadania é a melhor forma de fazer os direitos humanos transitarem da intenção à realidade
11. A política de desenvolvimento deve basear-se em quatro pilares: liberdades democráticas, transformação produtiva, equidade social e sustentabilidade ambiental;
12. A ética necessária para pôr em prática o Paradigma do Desenvolvimento humano é a ética da co-responsabilidade.

Um desafio para educadores é erigir um conceito de educação que seja capaz de corresponder às complexas exigências ético-políticas dessa nova visão de desenvolvimento humano.

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